Título
Original: Escravidão: histórias e memórias
Autor: Ilvo Jorge Bertin Fialho
Ano: 2021
Editora: Scortecci
Páginas: 148
Onde comprar: Livraria Asabeça
*Livro gentilmente cedido pela editora.
Sempre houve acontecimentos estarrecedores na História da humanidade, desde a existência da mesma. Fatos que podemos considerar hediondos, monstruosos e revoltante. Dentre esses inúmeros marcos, temos a escravidão, que dizimou milhares de vidas inocentes de negros de forma desumana e cruel.
Nessa obra, o autor nos traz mais de três séculos de atrocidades e injustiças cometidas com os negros no mundo, sendo no Brasil, dando ênfase no Rio Grande do Sul. São fatos verídicos, fruto de uma vasta pesquisa e depoimentos que se passam no decorrer da leitura.
Confesso que esse livro me chocou, mesmo sendo uma não ficção. Não existe terror maior e mais sangrento que a época da escravidão. Eu que tinha pensado de já ter estudado tudo sobre os escravos na escola, vi que não era nem metade do que o autor nos traz nessa obra que me tirou a paz com a realidade que os pobres negros sofreram em nosso planeta.
É uma obra completa. De início, o autor explora o continente africano, trazendo a divisão política e territorial, os idiomas falados, população, economia e costumes. Logo após, inicia-se a dura e severa trajetória dos mesmos na época da escravidão, com descrições de arrepiar.
O livro é repleto de tabelas, imagens e dados o que prova a identidade verídica do que está sendo falado, além de esclarecer mais o texto que o mesmo possui. Confesso que o pior capítulo, o que mais me chocou, foi dos meios de torturas utilizados para punir os escravos, pensei que já sabia quais eram, mas não foi nem metade do que imaginei.
Portanto, se tem curiosidade em conhecer mais sobre essa época e sobre a cultura do povo africano, essa obra é indispensável, pois temos tudo esclarecido em uma linguagem clara e franca, o que irá despertar vários sentimentos no leitor e fazê-lo refletir após cada capítulo lido. Recomendo para todos.
Sobre o autor
Ilvo Jorge Bertin Fialho nasceu em Itacuruby, então 2º Subdistrito de São Borja, em 9 de abril de 1935, filho do farmacêutico Ivo Braga Fialho e Ilda Bertin Fialho. Integrou-se através do matrimônio à família Antunes, no então 3º Distrito de São Luiz Gonzaga, onde ficou residindo como agricultor. Era eletricista de profissão.
Em 1965 fez parte do movimento emancipacionista de Bossoroca. Em 31 de dezembro de 1968 foi contratado pelo então interventor federal do novo município para exercer funções burocráticas na Prefeitura, iniciando como Oficial Administrativo, permanecendo até 28 de fevereiro de 1970, data em que foi nomeado subprefeito da sede; ainda exercia o cargo quando, em 3 de dezembro de 1971, foi designado para responder pelo NAOF – Núcleo de Assistência e Orientação Fiscal da Receita Federal, instalado no município no final do mês anterior. Em 1972, acumulando funções, foi designado para atender a UMC – Unidade Municipal de Cadastramento, tendo sido credenciado pelo INCRA em 1º de março desse ano e pelo CETRENFA.
Por exercer cargo de confiança e expirado o mandato do prefeito, foi exonerado do cargo de subprefeito em 31 de janeiro de 1973; em 12 de março desse mesmo ano foi nomeado para um cargo na Comissão dos Serviços de Fiscalização Municipal, sendo que em 10 desse mês havia se integrado ao Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), onde até 1974 teve ativa participação, inclusive ministrando aulas. Em 5 de maio de 1973, acumulando mais uma função, foi designado para atender o Posto do Correio, que passou a funcionar temporariamente na Prefeitura.
Em 15 de junho de 1973, foi designado novamente para atender a UMC, da qual havia sido exonerado por expiração do prazo. Em dezembro de 1976 foi nomeado Tesoureiro do município, exonerado em 31 de agosto de 1977 para assumir como chefe os Serviços de Fiscalização Municipal. Em 29 de fevereiro de 1980 foi designado para atuar de modo especial (Portaria nº 08/80) na fiscalização de preços no comércio do município (apoio SUNAB). Em 30 de julho de 1980 pediu exoneração de todas as funções como servidor municipal, assumindo a gerência de um silo de produção de sementes fiscalizadas, função que ocupou até 28 de fevereiro de 1981.
Em 9 de março desse ano, foi readmitido nas funções de chefe dos Serviços de Fiscalização Municipal, cargo que ocupou até 30 de janeiro de 1983, quando foi exonerado a pedido. Durante os 14 anos que serviu ao município prestou outros serviços em paralelo às funções que exercia, como levantamento da produção (Agropecuária, Indústria e Comércio ICM). Foi membro da Patronagem do CTG Sinuelo das Missões de Bossoroca durante dez anos. Em 12 de outubro de 1985 participou como palestrante no evento comemorativo aos 20 anos de Bossoroca, com o tema “Município de Bossoroca e seus primeiros habitantes”.
Em 12 de outubro de 1991, em comemoração aos 26 anos do município de Bossoroca, foi um dos palestrantes, com o tema “O negro na região missioneira”. Em 8 de novembro do mesmo ano, participou do IV Encontro Internacional de Estudos Missioneiros e da VII Mostra de Arte Missioneira, realizada em São Luiz Gonzaga, evento promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico daquela cidade, do qual era sócio, sendo na ocasião um dos palestrantes, com o tema “Interpretação da língua tupi-guarani”. Foi colaborador no ensino público, participando com informações e palestras às crianças no que se refere à história e desenvolvimento do município.
Pesquisador inveterado desde a juventude, publicou Pioneiros de Bossoroca em 1992, cuja primeira edição esgotou-se rapidamente, tendo se tornado referência nas pesquisas e, pela sua riqueza de detalhes e informações, contribuído relevantemente para o acervo histórico e cultural daquela região.
Faleceu em 4 de novembro de 2014, aos 79 anos, deixando a esposa Odithe Antunes Fialho, dois filhos, Jair Antunes Fialho e Ivonete Antunes Fialho, e dois netos, Crístofer Yung Fialho e Lucas Fialho Villa Nova. Deixou importante herança social e histórica, com obras inéditas a serem lançadas in memoriam, a fim de perpetuar sua contribuição e legado e dar continuidade a seus desejos em vida de propagar a cultura e o conhecimento, tornando-os acessíveis a todos.
A obra também nos traz como surgiram as religiões africanas, a culinária, a mitologia e o papel da mulher negra nessa época. É uma obra pequena, mas rica em informações, um material de pesquisa e tanto.
@Gustavo Barberá – 20/03/2022.
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