Leitura Enigmática

Resenha do livro "Exorcismo"

Título Original: Possessed
Autor: Thomas B. Allen
Ano: 2016
Editora: Darkside
Páginas: 272


Exorcismo é um livro baseado em escrituras, relatos e registros verídicos de padres antes, durante e depois de um ritual de exorcismo, onde posteriormente o jornalista, escritor e cineastra Willian Peter Blatty iria escrever a obra “O exorcista” que mais adiante ganharia as telas dos cinemas causando muita polêmica. Sim, o livro “O exorcista” foi baseado na história desse livro, onde várias passagens do livro e do filme de Blatty é ficção, ou seja, não é o que realmente aconteceu.

        A história se passa em Maryland e mais tarde em Georgetown, onde um garoto denominado Robbie (esse nome não é o verdadeiro, pois nos relatos o padre resolveu manter os nomes da família em sigilo) após brincar com um tabuleiro OUIJA que ganhou de sua tia Harriett, o qual viria a falecer algum tempo depois, começou a se comportar de forma estranha em sua casa, onde barulhos estranhos e sinistros começaram a aparecer em seu quarto até o quadro se complicar de vez com móveis se movendo sozinho, cama chacoalhando e no auge dessa tragédia, uma legião de espíritos malignos tomaram posse do corpo de Robbie. Durante semanas esse garoto virou algo divido pela medicina e depois pela Igreja, onde no esgotamento dos tratamentos médicos, notou-se que o caso era de um exorcismo.

 
        Confesso que esse livro me deixou perturbado, se você que já leu ou assisti “O exorcista” e não conseguiu dormir, então leia essa obra somente durante o dia, pois se deixar para fazer isso à noite, prepare- se para passar pela mesma situação relatada acima, pois as informações trazidas nesse livro são de arrepiar. Os estudos realizados pelos teólogos a procura de respostas sobre a relação Deus x Diabo é de dar medo, pois as conclusões que eles chegam são perturbadoras, mas em algumas partes se pensarmos bem, é coerente. Também me chamou a atenção o histórico que o livro traz falando sobre o número de exorcismos realizados na América Latina e Europa, antes do caso desse garoto que foi o primeiro a ser realizado nos Estados Unidos.

”Um exorcista tem que tocar o mal, respirá-lo se concentrar nele”.

        O livro passa muito medo, pois traz o ritual de exorcismo detalhado, sessão após sessão. Antes, durante e depois de cada ato realizado, as impressões e as condições de casa participante da equipe da Igreja, família e de Robbie. Os detalhes são tão bem descritos que ao mesmo tempo deixa o leitor com muito medo, mas curioso para saber o que vai acontecer posteriormente. Há momentos que ficava todo arrepiado e queria largar a leitura, porque era muito forte o relatado, mas insisti e fui até o final. 

 

 

 

 

 

       Um ponto que levou a uma boa discussão foi a relação Igreja x Ciência x Medicina, onde padres, teólogos, médicos e psicólogos e parapsicólogos defendia a tese de que o comportamento de Robbie para uns era psicossomático,  para outros distúrbios neurológicos e para o lado religioso era um ato de possessão e de polêmica, pois os padres achavam que o garoto só se livraria dessa legião se aderisse ao Catolicismo e fosse batizado, sendo Robbie e sua família Protestantes. Não irei entrar em detalhes, pois é um assunto delicado e debatido em várias passagens do livro, então acho melhor saber mais lendo a obra na íntegra.

“A possessão, escreveu um teólogo católico, ‘consiste na presença do demônio dentro do corpo humano, sobre o qual ele tem controle total e despótico, A vítima se torna um objeto cego de Satã...’ ‘...Visto que a pessoa possuída não tem consciência de seus atos durante a captura diabólica – e ainda capa de exercer qualquer controle – ela não é responsável pelas suas ações, por mais ultrajantes, malévolas ou perversas que sejam’”.

     Por ser uma leitura interessante, a leitura é realizada rapidamente. Após o termino da história, há uma parte onde o diário do padre exorcista foi publicado com todo o relato do ritual. É muito interessante. E o final da história é algo que não esperava, a Igreja concluiu sobre tudo isso me deixou boquiaberto, me surpreendeu mesmo e confesso que parte do meu medo e pavor da obra se foi, mas pelo que li no decorrer da história, ficam minhas dúvidas pelas evidências apresentadas. 

 

 

 

 

     

        O que foi bem curioso nesse livro também, foi o relato de Allen sobre o lançamento do filme “O exorcista” nos cinemas naquela época. A película foi tão impactante que médicos e ambulâncias ficavam de plantão nos cinemas pois muitos passavam mal durante a exibição do filme. E os relatos sobrenaturais que aconteceram nos estúdios de gravação durante a realização do filme também. Gostei muito dessa parte.

 

“Espectadores desmaiavam ou vomitavam, muitos recorreram a terapias para se livrar de medos que não conseguiam explicar. Psiquiatras escreviam sobre casos de ‘neurose cinematográfica’”.

    

   Não só nos estúdios, mas também foi interessante o que fizeram com o quarto onde o garoto foi exorcizado, o que encontraram anos depois e o destino que teve a casa onde essa família morou após o menino se libertar dos espíritos. E gostei também do destino dos padres após o ritual até o dia da suas mortes que de alguns foram recentes. Essa parte foi fenomenal!!!

 

 

 

 

 

     E mesmo sendo de arrepiar, eu recomendo muito esse livro, pois é baseado em fatos reais, o que me atrai muito em uma história e leva a uma boa discussão, pois possuem temas polêmicos e também percebemos a insistência de terceiros quando desejamos provar alguma coisa que já existe. É uma história que vale a pena ser lida e para os fãs de literatura de terror, dispenso comentários, é um prato cheio. A tradução foi de Eduardo Alves.

 

@Gustavo Barberá – 11/10/2018

 

 

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