Leitura Enigmática

Resenha do livro "Um de nós está mentindo"

Título Original: One of us are lying
Autor: Karen M. McManus
Ano: 2018
Editora: Record
Páginas: 384

Quebrando as regras e paradigmas tradicionais das escolas americanas, “Um de nós está mentindo” relata as neuroses que um ser humano possa cometer por não se destacar no meio em que se relaciona. É um livro tranquilo de se ler, com uma boa história, bem sequenciada e interessante. Mas é bem fraquinho no quesito investigação e suspense, sendo que esse último aparece somente no final da trama.

      A história conta o que acontece em uma tarde de segunda-feira, onde cinco estudantes do colégio Bayview entram na sala de detenção: Bronwyn, a gênia, comprometida a estudar em Yale, nunca quebra as regras, Addy, a bela, a perfeita definição da princesa do baile de primavera, Nate, o criminoso, já em liberdade condicional por tráfico de drogas, Cooper, o atleta, astro do time de beisebol e Simon, o pária, criador do “Falando Nisso”, o mais famoso aplicativo de fofocas da escola.    

      Só que Simon não consegue ir embora. Antes do fim da detenção, ele está morto. E, de acordo com os investigadores, a sua morte não foi acidental. Na segunda, ele morreu. Mas na terça, planejava postar fofocas bem quentes sobre os companheiros de detenção. O que faz os quatro serem suspeitos do seu assassinato, só que no decorrer dessa investigação fatos inesperados e surpreendentes vão aparecendo e mostra que a história apurada não é bem assim como parece ser.


“É, mas eu estava lá quando você conseguiu ajudar Simon. Teria que ser um ator muito bom para fingir aquilo”.


      Narrada em terceira pessoa, o livro se divide em três partes: parte um “Lá vem o textão do Simon”, parte dois “Pique esconde” e parte três “Verdade ou consequência”. É um livro bem gostoso de se ler, me senti em uma trama da Tela quente em uma segunda feira a noite. O livro possui uma sequência coerente e bem feita, mas se quiser esperar por uma história repleta de ação e suspense, sinto de informar que não há.

      O enredo é bem adolescente, pois retrata a vida de adolescentes na fase escolar e prestes a entrar na faculdade, sendo também abordados os valores, a honestidade e o desequilíbrio emocional que levam as pessoas a tomarem atitudes bizarras, como Simon.

Gostei muito dos personagens dessa obra. Cada um com suas características próprias, com sua família típica e com seus problemas diários. Temos desde a rica sendo pressionada a entrar na faculdade em primeiro lugar para manter a tradição dos pais, até o pobre e marginalizado rapaz que vende drogas. A traição, a humilhação, a vingança, a desilusão e a paixão não correspondida estão no meio deles que alimentam mais a história, deixando-a propícia para o título do livro.


             “O que eu estava dizendo? Ah, sim. Traição. Isso é uma escolha, Coop”.


      O papel da família também fala forte aqui, pois a maioria dos personagens vem de uma família desestruturada, com pais separados, pai alcóolatra, mãe drogada, mãe com pensamentos impuros e pais interesseiros, que é no caso se Cooper, onde ele sente que o pai ama o filho jogador de beisebol, cobiçado pelos olheiros e pelos grandes times que o querem contratá-lo e não pelo Cooper filho. Chega até ser triste a realidade desses adolescentes e dá para associarmos à nossa realidade, onde vários jovens sofrem com essa carência de afeto da família. É triste algumas passagens relatadas no livro.

 

 

      Como já disse a obra no quesito suspense e mistério é fraca, mas ela tem muitas coisas para contar e nos fazer refletir sobre com é o ser humano. O livro é bem tranquilo de se ler com uma diagramação confortável para nossas vistas. Eu recomendo sim esse livro para todos e se você ainda não leu, está perdendo uma história bem comovente e em alguns momentos surpreendentes, pois conforme a investigação vai caminhando, mentiras pessoais de cada personagem vão aparecendo e nos deixando surpresos. Podem ler sem receio porque a autora soube dar sequência na trama muito bem feita. A tradução foi de André Gordirro.

@Gustavo Barberá - 15/07/2018

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