Resenha do livro "A bibliotecária de Auschwitz"




Título original: La bibliotecária de Auschwitz
Autor: Antonio G Iturber
Editora: Agir
Ano de lançamento: 2013
Número de páginas: 372


Magnífica! É o que posso caracterizar a obra, “A bibliotecária de Auschwitz, escrita pelo jornalista espanhol Antonio G. Iturbe, publicada no Brasil em 2014, pela editora Agir e traduzido por Dênia Sad. O romance já foi publicado em onze países e ganhou o prêmio espanhol “Troa Libros”, na categoria “livros com valor” e é considerado um best seller na Espanha. Aqui, realidade e ficção se misturam em meio de muita comoção, sofrimento e reflexões.

         A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial, nos campos de concentração em Auschwitz - Birkenau, onde Dita Adlerova uma menina de quatorze anos é apaixonada por livros e fica designada por ser a bibliotecária de uma escola formada para crianças vítimas do Holocausto no pavilhão 31. Mas os livros eram proibidos naquele local e Dita tinha acesso a oito obras que as escondia na barra de sua saia que possuía grandes bolsos costurados internamente e os transportavam para essas aulas e após o uso, eram escondidos em lugares estratégicos naquele local.


         Narrado em terceira pessoa, o livro mostra o terror sofrido pelos judeus que nos emocionam, nos deixam revoltados e amargurados das injustiças e maldades realizadas pelos nazistas, regido por Hitler. Momentos narrados sem piedade, compaixão nos levam a uma tristeza profunda e nos prendem a leitura através dos fatos que começam a surgir e nos surpreender. Confesso que houve situações em que eu relia mais de uma vez certas passagens porque pensava que tinha lido errado tal acontecimento pelo fato de como era contado tal atrocidade feita com os judeus e a cena ficava em minha memória por horas, imaginando o terror praticado.


         O livro possui um enredo impecável, onde não queremos largar o romance e nos envolve com uma magia, nos transportando para essa época amarga da Segunda Guerra Mundial, nos abatendo com a fome passada, nos deixando estáticos e sem folego a cada fuga realizada e com a esperança frustrada de que no decorrer da história, as coisas irão melhorar. E mesmo após o fim da Guerra, vem o alívio do final desse sofrimento, mas as cicatrizes do que aconteceu já estão cravadas e não nos conforta muito.

        Dita é uma menina que chegou a Auschiwitz – Birkenau aos nove anos e por lá permaneceu até os dezessete. Uma garota de personalidade forte, uma verdadeira guerreira, que mesmo passando pelos terrores do Holocausto, permaneceu firme e ajudando quem esteve ao seu lado. Passou por perdas terríveis e quando pensou que seu caminho estava chegando ao fim, deu a volta por cima.

“Pensa que dizer a verdade liberta os homens, Dizer a verdade tem muito prestígio. É o que fazem os valentes. Mas também é certo que a verdade às vezes incinera tudo que toca”.

        Tinha medo de Josef Mengele – o famoso médico da época do Holocausto que fazia experimentos terríveis com os judeus, independente do sexo ou faixa etária. Era obcecado pela raça ariana, o qual acava que eles eram puros e queria adequar os judeus a isso também, portanto realizava autópsias a sangue frio ou injetava substâncias causando muito sofrimento e dor. Outra obsessão dele era olhos. Tanto que os boatos diziam que Mengele tinha uma coleção de olhos fixados na parede de seu consultório.

“Esse homem é o demônio. Dizem que ele abre a barriga das grávidas com um bisturi e sem anestesia. Depois, também abre os fetos. Injeta bactérias do tifo em pessoas saudáveis para observar como a doença se desenvolve”.

        Outro personagem que precisa ser citado é Fred Hirsch, quem pediu para os alemães a autorização de criar a escola para as crianças judias, enquanto seus pais trabalhavam e foi através dele que Dita tinha contato com os livros, já que a contratou para ser a bibliotecária daquele pavilhão. Existem mais personagens que poderiam ser citados, mas isso deixaria a resenha muito longa e cansativa de se ler.
 

         Ao se aproximar do final do livro, vem a bomba: pensando que não haveria mais o que contar, logo pensei que o romance se tornaria algo rotineiro, sem novidades, mas uma reviravolta ocorre e revelações aparecem que me deixaram de queixo caído e não consegui mais largar o livro até finaliza-lo.

      E não para por aí: após o término da história, o autor conta sobre as pesquisas e viagens que fez para escrever o livro e a surpreendente revelação de ter conhecido pessoalmente 

        Dita Adlerova. Sim, essa personagem, assim como outros citados no decorrer da história existiram e ainda existem. Foi um presente que o escritor pode nos dar e nos deixar com aquela saudade e uma pequena tristeza de termos chegado ao final desse livro maravilhoso, nos dando aquela vontade de querer mais.


@Gustavo Barberá - 09/03/2018

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17 comentários:

  1. Olá! Eu nunca li o livro, mas como sempre gostei desse gênero, eu sei que vou amar. Se com apenas uma resenha já estou emocionada, imagina ao ler o livro todo? Eu adorei tua resenha, você mostra sem dá spoiller, parabéns <3

    Abraço||Psicologia de Boteco
    www.psideboteco.blogspot.com

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    1. Agradeço que tenha gostado e recomendo a obra que é sensacional!!!

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  2. Nossa apesar de n curtir muito esse tipo de leitura esse livro mexeu comigo somente com essa breve narrativa. Ele deve ser incrivel.

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  3. Essa história parece interessante, mesmo que não seja feliz. Na verdade, é assustador pensar em tudo o que aconteceu na época.
    Beijos
    Mari
    Pequenos Retalhos

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    1. Ele é bem realista e não poupa detalhes. É triste a narrativa, mas infelizmente foi o que aconteceu naquela época.

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  4. tudo, absolutamente tudo com esse tema me interessa muito. Eu tô pra ler esse livro no proximo mês porque muita gente fala dele e eu fico meio curiosa pra saber o que fala nele. Mês que vem, eu pretendo ler muitos livros que tem "Auschwitz" no titulo kkkk

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    1. Então coloque esse título que irá te surpreender e ao mesmo tempo comover.

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  5. Oi Gustavo, tudo bem?

    Sou fissurada por obras que se passam durante a Segunda Guerra Mundial, então, é claro que este enredo já despertou minha curiosidade. Com certeza vai para a minha listinha, pois sei que me envolveria completamente e curtiria a narrativa. Já vou colocar na lista!

    Beijos!

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  6. Olá Gustavo!
    É impressionante como o ser humano é capaz de fazer maldade, já li alguns livros sobre o holocausto, infelizmente é um momento triste da história da humanidade. Conheço esse livro e já até li algumas páginas, senti muita vontade de finalizar a leitura. Parabéns pela Resenha.

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  7. Olá!

    Muitas pessoas me indicaram esse livro na época em que foi lançado, me despertou curiosidade mais ainda hoje não li. Nunca imaginei que a ambientação é durante uma guerra, a capa faz parecer mais "romântico".
    Que bom que foi positiva sua leitura.

    Abraço,
    Diego França, Blog Vida & Letras
    www.vidaeletras.com.br

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    1. De romântico esse livro não tem nada, ao contrário, ele tem uma história cruel, mas realista do que se passou no passado.

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  8. Oi Gustavo. Já tinha ouvido falar, superficialmente, desse livro. E nossa, a história parece ser muito emocionante. Esse tema de 2GM mexe muito comigo, especialmente sobre o holocausto. Não consigo ler muitos livros que fiquei girando no tema ou até mesmo filmes. Mas estou tentando mudar isso e até comprei um recente rs.
    Vou colocar esse na lista, porque preciso conhecer Dita e saber mais dessa menina que compartilhava o amor por livros. Uma resenha linda, parabéns. Beijos
    https://almde50tons.wordpress.com/

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    1. É linda essa história,você irá se emocionar muito.

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  9. Gustavo! Que livro interessante... eu curto muito a temática... Acho necessária inclusive! Realmente achei instigante e necessário. Aliás, suas dicas são ótimas! Gosto muito de vir aqui e ler o que tens de novo! Não podemos nos esquecer do que já vivemos na história!

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