Projeto Lendo Poe - Resenha do conto "O poço e o pêndulo"

Conto: O poço e o pêndulo
Livro: Edgar Allan Poe – Medo clássico, vol. 1
Autor: Edgar Allan Poe
Editora: Darkside
Ano: 2017
Páginas: 400
Onde comprar: Amazon, Darkside

     O Leitura Enigmática, junto do blog “Conduta Literária”, estamos dando início ao projeto “Lendo Poe”, pois somos admiradores desse escritor que ao passar dos séculos conquista cada vez mais leitores com suas histórias góticas e sombrias que só Poe sabe fazer.

Toda segunda sexta feira de cada mês estaremos trazendo um conto do escritor lido e resenhado. Iremos usar o livro “Edgar Allan Poe, medo clássico – vol.1”, nessa primeira fase. Estamos muito empolgados com esse projeto!

O conto “O Poço e o Pêndulo” foi publicado em 1842 e retrata o julgamento de um inquisitado que, após receber a sentença, é atirado num calabouço, local onde sofre inúmeras torturas físicas e psicológicas. Em uma das tentativas de reconhecer o local onde foi aprisionado, ele se depara com um poço, que lhe desperta horríveis pressentimentos quanto ao seu futuro como prisioneiro. Os inquisitores, que querem dar cabo de sua vida a qualquer custo, o amarram sob uma grade, para que ele possa assistir a descida de um pêndulo.

"Estava exaurido, mortalmente exaurido por aquela longa agonia; quando enfim me soltaram e permitiram que me sentasse, os sentidos me deixaram. A sentença - a temida sentença de morte - foi a última coisa que alcançou meus ouvidos".

     Esse conto é o meu preferido de Edgar Allan Poe. Aqui temos o horror psicológico presente, pois conforme Poe descreve a cena do pêndulo descendo cada vez mais em direção à vítima, uma agonia toma conta de quem lê, chega a ser até desconfortável o momento dessa passagem, mas ao mesmo tempo a curiosidade não nos deixa largar o conto, pois queremos saber qual fim terá.

 

     Narrado em primeira pessoa, aqui temos um enredo desesperador e aflito, que tortura o leitor e o deixa perturbado com o comportamento do personagem e a situação em que ele está. O cenário narrado no conto também estimula a imaginação e ajuda a dar todos esses sentimentos já citados acima. É incrível como o autor consegue juntar todos esses elementos em um único texto, transformando-o nessa narrativa sombria e grotesca.

"A vibração do pêndulo estava alinhada em ângulo reto com meu corpo. Notei que a lâmina, em formato de lua crescente, fora projetada para atravessar o peito, na altura do coração".

     Após levar o leitor ao extremo desespero com a problematização apresentada no conto, seu final o deixa mais relaxado, tendo um anticlímax que o deixará aliviado e com os nervos mais tranquilos. É incrível!

Sobre o autor

Edgar Allan Poe (1809-1849) foi um poeta, escritor, crítico literário e editor norte-americano. Autor do famoso poema “O Corvo”. Escreveu contos sobre mistério, inaugurando um novo gênero e estilo na literatura.

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, nos Estados Unidos, no dia 19 de janeiro de 1809. Filho de atores ambulantes, quando tinha um ano, o pai deixou a casa e, no ano seguinte a mãe faleceu. Com dois anos foi adotado por um rico comerciante escocês. Fez seus primeiros estudos em Glasgow, na Escócia, e em um internato em Londres, onde a família se estabeleceu.

Em 1820 já estava de volta aos Estados Unidos onde continuou os estudos em uma escola de Richmond, Virgínia. Em 1823 escreveu seus primeiros poemas. Em 1826 ingressou na Universidade de Virgínia. Nessa época envolveu-se com o jogo e o álcool. Tinha uma relação conflituosa com o pai adotivo.

     Em 1827 publicou seu primeiro livro de poemas “Tarmelão e Outros Poemas”. Em 1829 vai viver com sua tia e uma prima. Em 1830, Allan Poe ingressa na Academia Militar de West Point. Depois de oito meses foi expulso por indisciplina. Em 1831 publica o livro “Poemas”. Em 1833 recebe um prêmio do Saturday Visitor, por seu “Manuscrito Encontrado Numa Garrafa”.

     Em 1835 Allan Poe tornou-se editor literário da Soltber Literary Messenger. Nesse mesmo ano, casa-se com sua prima de apenas 13 anos. Seu problema com a bebida se agravou, sendo despedido do emprego. Muda-se para Nova Iorque, trabalha em alguns periódicos e escreve suas obras. Em 1847 sua mulher morre, agravando ainda mais o seu vício com o álcool.

     Em 1849, após viajar de Richmond para Baltimore, perde-se pelas ruas, sendo encontrado bêbado, delirando em uma taberna e levado para um hospital onde passa seus últimos dias.

     Edgar Allan Poe morre em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, no dia 7 de outubro de 1849.

     Allan Poe deixou poemas, contos, romance com temas de mistério e de horror. Muitas de suas obras exploram a temática do sofrimento causado pela morte. O poeta acreditava que nada seria mais romântico que um poema sobre a morte de uma mulher bonita.

     É considerado o criador do conto policial, seus poemas mergulham na tristeza e as narrativas em temas de morte, que refletiam os tormentos do autor. Por outro lado, possuía grande capacidade analítica sendo considerado o pai das modernas histórias de detetive. Sua primeira novela policial foi “Assassinatos na Rua Morgue” (1841).

     Suas obras foram um marco para a literatura norte-americana contemporânea, com destaque para "Contos do Grotesco e Arabesco" (1837), contos que influenciaram diversas gerações de escritores de livros de suspense e terror, e os poemas, “O Gato Preto” (1843), “O Corvo e Outros Poemas” (1845) e “Annabel Lee” (1849).

@Gustavo Barberá - 15/05/2020.