Leitura Enigmática

Resenha do livro "A forma da água"

Título Original: The shape of water
Autores: Guillermo Del Toro e Daniel Kraus
Ano: 2018
Editora: Intrínseca
Páginas: 352

A forma de água nos conta a história de Richard Strickland, um oficial do governo dos Estados Unidos enviado à Amazônia para capturar um ser mítico e misterioso cujos poderes inimagináveis seriam utilizados para aumentar a potência militar do país, em plena Guerra Fria. Dezessete meses depois, o homem enfim retorna à pátria, levando consigo o deus Brânquia, o deus de guelras, um homem-peixe que representa para Strickland a selvageria, a insipidez, o calor — o homem que ele próprio se tornou, e quem detesta ser. 

      Para Elisa Esposito, uma das faxineiras do centro de pesquisas para o qual o deus Brânquia é levado, a criatura representa a esperança, a salvação para sua vida sem graça cercada de silêncio e invisibilidade. Richard e Elisa travam uma batalha tácita e perigosa. Enquanto para um o homem-peixe é só objeto a ser dissecado, subjugado e exterminado, para a outra ele é um amigo, um companheiro que a escuta quando ninguém mais o faz, alguém cuja existência deve ser preservada. Narrado em terceira pessoa, o livro se divide em quatro partes: primordium, mulheres ignorantes, taxidermia criativa e não preocupe mais seu coração. 

 

 

 

      A obra foi um sucesso tanto no meio literário, quanto no mundo cinematográfico. A história se transformou em filme, dirigido pelo próprio Guillermo Del Toro e com um elenco muito bem selecionado como Sally Hawkins, Dony Jones, Michael Shannon e Octavio Spencer que agradou muito aos críticos e foi indicado a treze estatuetas do Oscar, sendo vencedora de quatro, dentre elas os mais cobiçados “melhor direção” e “melhor filme”. 

      Eu não gosto de assistir um filme ou uma série baseado em um livro antes de ler o mesmo porque sei que a diferença será gritante. A obra em si possui um enredo um pouco cansativo em boa parte dela, prendendo minha atenção e sentindo que a história começaria a fluir a partir do final da terceira parte do livro. Antes disso a história oscilava em poucos momentos interessantes, o restante parecia que estavam apenas enchendo as páginas com algo sem sentido e cansativo. Só não o larguei porque ele aborda temas da Biologia, tema que gosto muito.

 

 

 

      Já nos personagens, Del Toro mandou bem. Houve uma explosão de sentimentos em suas personalidades e cada um deles passou muito bem suas características psicológicas, como o sentimento de solidão, de insegurança, de poder e de medo. Peças chaves e essenciais para poder levar o enredo adiante. A paixão de Elisa pelo Devoniano é muito linda e autêntica, surgindo sentimentos verdadeiros e puros.

“Aprenda a respirar o meu ar para que possamos ficar juntos para sempre”.

 

Um aspecto muito bom no livro foram os capítulos que são curtos e nos ajudam a levar a leitura adiante. Com poucas, mas belas ilustrações, o livro tem um acabamento muito bonito e uma diagramação agradável. Houve muita descrição do cenário durante a história que cansou a leitora, algo desnecessário na obra. Mas valeu o esforço e a insistência de continuar, pois a última parte foi muito boa, o desenrolar da história teve uma reviravolta e se tornou dinâmica e chamativa com um final surpreendente, triste e mística, fechando a história com chave de ouro. Quem não leu, leia. Quem sabe o que não me agradou agradará o próximo. Eu recomendo a obra pelo fato já dito acima (o final). A tradução ficou por conta de Edmundo Barreiros.

@Gustavo Barberá - 06/07/2018

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