Conto: Feliz aniversário
Livro: Clarice Lispector – Todos os contos
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Ano: 2015
Páginas: 656
Onde comprar: Amazon
Livro: Clarice Lispector – Todos os contos
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Ano: 2015
Páginas: 656
Onde comprar: Amazon
Em mais uma etapa do projeto #12MesesComClariceLispector,
trouxe a resenha do conto “Feliz aniversário” que é um dos mais brutais e
perturbadores quer Lispector trouxe até o presente momento do projeto.
O conto nos traz história de
D. Anita, uma senhora quer mora com sua filha solteirona Zilda, que está completando
89 anos e a família está prestes a se reunir para comemorar seu aniversário.
É aquela típica festa de
aniversário familiar, com salgadinhos, sanduíches e bolo, momento onde seus
filhos, noras e netos ser reúnem, mas quer não traz alegria nenhuma para D.
Anita, pois ela perceber quer Zilda organizou esse momento apenas para manter a
impressão de uma família unida e manter assim os laços.
No fundo,
a velha despreza os seres opacos, azedos, infelizes que gerou. Sujeitos
treinados só para macaquear a felicidade, enquanto sofrem por dentro sem nem
mesmo perceber que sofrem. Seres que não suportam o pensamento, que lidam mal
com os sentimentos e para quem a vida nada mais é que a sustentação de um
script.
“De vez em quando consciente dos guardanapos coloridos.
Olhando curiosa um ou outro balão estremecer aos carros que passavam. E de vez
em quando aquela angústia muda: quando acompanhava, fascinada e impotente, o
voo da mosca em torno do bolo”.
Em um determinado momento da festa, a velha cospe
no chão. Esse ato é a figura que manifesta, no nível discursivo, o fato de os
laços de família não se sustentarem mais, extremamente fragilizados no momento
em que se encontram. Com essa atitude, por outro lado, a velha senhora provoca
a raiva da filha Zilda, que teme a sanção negativa dos irmãos.
A família
mostra-se perdida diante da polêmica da ruptura que a velha senhora empreende,
pois com sua cólera, faz cair as máscaras da falsidade que adornam o rosto de
seus componentes.
“E quando a mesa estava imunda, as mães enervadas com o
barulho que os filhos faziam, enquanto as avós se recostavam complacentes nas
cadeiras, então fecharam a inútil luz do corredor para acender a vela do bolo,
uma vela grande com um papelzinho colado onde estava escrito 89″.
É um
conto que aborda bem as relações de algumas famílias, onde passam uma boa
aparência, mas na realidade é repleta der conflitos internos, entre eles.
@Gustavo
Barberá – 06/06/2020.
Uma coisa que me impressiona nesse conto é a maneira como a personagem D Anita demonstra desgosto por não poder confiar nos filhos. Eu li duas vezes e confesso que fiquei em dúvida se ela os enxerga como seres opacos e fracos ou se eles realmente são assim.
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