Resenha do livro - O filho eterno




Título original: O filho eterno
Autor: Cristovão Tezza
Editora: Record
Ano de lançamento: 2015 (18ªed.)
Número de páginas: 222

O filho eterno é um romance de Cristovão Tezza que mexeu com o íntimo de vários leitores. Vencedor de oito premiações, entre eles, o prêmio Jabuti 2008 como melhor romance, o livro encontra-se em outros países, traduzido em vários idiomas e no Brasil já existe o filme do mesmo, protagonizado por Marcos Vera e Débora Falabella e dirigido por Alexandre Aja.

         O romance é sobre um pai, escritor e professor universitário que recebe a notícia alguns dias após seu filho nascer que o mesmo possui Síndrome de Down. Indignado, ele não consegue aceitar o filho que tem e recorre a vários especialistas para tentar achar algum meio de fazer com que seu filho se desenvolva igual uma criança que não possui a Síndrome. Mas com o tempo ele vai se apegando ao seu filho e logo vê a importância que ele tem em sua vida.
        

         Narrado em terceira pessoa, com apenas três personagens principais – o pai, a mãe e Felipe, segundo o ocorrido, a história se passa na época em que não se conhecia bem a Síndrome de Down, onde o termo “mongolismo” era usado e ainda havia muito preconceito sobre essa síndrome que envergonhavam algumas famílias que tinham filhos assim, elas ficavam constrangidas e não aceitavam. A todo o momento o pai fica pensando, filosofando e não aceitando a condição do filho que possui, sem ter a noção do caminho em que está tomando.

“... tenho um filho com mongolismo (não conseguia mais pronunciar a palavra mongoloide), ele dizia, e é com isso que tenho que lidar”.

          A narração chega às vezes ser até melancólica e irritante por parte da intolerância do pai e em certos momentos emocionantes com a doçura, o amor e a ingenuidade de Felipe.
 

        A história se passa por São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Há outras cidades brasileiras e do exterior, mas as citadas acima são as mais presentes. O enredo às vezes meio cansativo chega a dar canseira no leitor, mas há momentos em que ele nos cativa e nos prende para querermos saber o que está irá acontecer dali pra frente. O agradável desse livro são os capítulos curtos que faz com que a leitura renda mais. Há momentos de conflitos que nos deixam apreensivos e sufocados, assim como há outros em que nos levam a refletir sobre a vida como ela é. Uma passagem revoltante é o desejo do pai em que seu filho “problemático morra” o que seria como uma libertação em sua vida.

“Pensa vagamente na imagem de um filme inglês, um enterro sob uma árvore, num fim de tarde melancólico, todos de preto...” “...Um recomeço: o mundo recomeça com um suspiro de alívio.”

         O notável nesse romance é o fato de o pai e a mãe não possuírem nome, somente o filho que se chama Felipe (no filme colocaram Fabício, não sei o porquê). Confesso que os pais me irritaram profundamente, principalmente o pai que pelo fato de seus livros não serem aceitos nas editoras para serem publicados, se dava um de coitadinho e depois que Felipe nasceu, ele meio que explicitou que aquilo fora um castigo em sua vida. Cara frustrado, derrotado, egoísta, mesquinho e egocêntrico. Acha que a culpa de Felipe nascer assim é culpa da esposa que também me irrita com sua passividade e submissão ao pai.

“Eu acabei com tua vida... Talvez ela tenha razã, ele pensa agora, no escuro da sala – é preciso não falsificar nada – Ela acabou com a minha vida”.

         Outro comportamento repugnante desse pai é a forma como ele vê seu filho:

“São crianças feias, baixinhas, próximas do nanismo – pequenos ogros de boca aberta, língua muito grande, pescoços achatados e largos como tronco.”

         Ambos esses personagens são - se podemos dizer assim – de segundo plano que nem nomes eles possuem no romance. Já Felipe, esse sim, brilha o tempo todo na história. Alegre, irradiando vida, otimista e acima de tudo – amando seu pai, é um personagem que marca o leitor profundamente pelo seu carisma e jeito de ser.

        E foi Felipe o responsável em construir todo esse sucesso nesse romance que atualmente é aclamado em vários países com várias premiações e muitos leitores sensibilizados pelos encantos e pela ternura que uma criança com Síndrome de Down nos pode proporcionar. 

@Gustavo Barberá - 03/03/2018

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9 comentários:

  1. Eu não conhecia o romance, mas acredito que para levar tantos prêmios, deve ter algo em especial (me refiro a todo o conjunto da obra). Um tema importante, mesmo com todos os esclarecimentos a cerca da síndrome, sabemos que essas pessoas sofrem. Ter um livro que discuta e aplauda a ideia é sempre um bom olhar. Parabéns pelo texto.

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  2. oie
    não conhecia o livro mais amei parece ser um livro bem emocionante e de aceitação ne no caso do pai parece ser lindo ja vou ler sem duvidas
    Vou assistir o filme tbm
    Abraço amei

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  3. Olá..
    Ainda não conhecia este romance até conferir a sua resenha.
    Eu leria este livro com certeza pois se ele ja ganhou inúmeros prêmios e foi traduzido em vário idiomas com certeza deve ser ótimo.
    www.robsondemorais.blogspot.com.br

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  4. Eu ja tinha ouvido falar deste livro ,mais ainda não tinha lido a resenha para saber como é,eu amei e pretendo ler em breve! parabéns

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  5. Já havia ouvido falar do filme, mas não sabia que tinha um livro. Fiquei com dupla vontade de conhecer, aproveitando vou pesquisar aonde esta o filme. :)

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  6. Oi Gustavo, tudo bem?

    Não conhecia a obra, então o enredo da mesma já me deixou um pouco desconfortada e com muita vontade de ler. Creio que seja o tipo de narrativa que vá despertar muitos sentimentos, inclusive a revolta com o pai. Vai para a minha lista de desejados e espero ler em breve.

    beijos!

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  7. Oi tudo bem ?

    Nossa não conhecia o livro, mas a sinopse me chamou bastante atenção, o enredo parece bem emocionante e atrativo, assim como o seu ponto de vista reforçou o quanto o livro é uma boa dica de leitura.

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  8. Olá!
    Não conhecia esse título, é um livro com um assunto bem delicado ainda mais sendo em uma época que a síndrome era uma "novidade" e causava uma certa negação nas famílias. Deve ser uma leitura bem intensa e sensível. Não sei se leria, mas anotei a dica aqui, quem sabe eu não leia rs' ótima resenha!

    beijos!

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  9. Olá!
    Esse livro é lindo e muito tocante né. E real demais também. Eu estudei com ele na disciplina de Literatura Contemporânea na faculdade, foi uma ótima experiência. Só preciso ver o filme.

    Abraço,
    Diego| www.vidaeletras.com.br

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